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Oficial de Justiça relata momentos difíceis na luta para superar a Covid-19

A AOJESP recebeu o relato emocionante de um Oficial de Justiça do interior de São Paulo que foi infectado pela Covid-19 e resolvemos fazer uma entrevista para mostrar como tem sido a luta pela recuperação.

Para evitar o cansaço que uma simples conversa por telefone pode causar, o Oficial de Justiça Sérgio Montiel Leal respondeu nossas perguntas por escrito.

Qual o nome do senhor, cargo e local de trabalho?

Meu nome é Sérgio Montiel Leal, sou oficial de justiça atualmente lotado na Comarca de Votorantim (desde 1986). (Tenho 59 anos, faço 60 no mês que vem [julho] e completo o oitavo quinquênio no dia 08/08/2020).

Recebemos a notícia de que o senhor pegou a Covid-19? Antes de prosseguirmos, desejamos melhoras. Como o senhor acredita que pegou a doença?

Obrigado. Na verdade, não tem como saber, fui algumas vezes em supermercados, apesar de ter usado máscara, também fiz muitas intimações nos meses de abril e maio, sempre tentando manter distância das pessoas, mas muitos não têm consciência e se aproximam.

Qual foi a maior preocupação do senhor após o diagnóstico?

A maior preocupação é com a respiração, o medo maior é sentir falta de ar e ter que ser internado. O médico do pronto socorro da Unimed, onde fui pela primeira vez, ligou para outro médico e disse que estava com um caso de Covid-19 com 25 a 50% do pulmão tomado. Isso causa um temor imenso, a gente não sabe como a coisa vai evoluir.

Quais foram os primeiros sintomas? E quando começaram?

O primeiro sintoma foi tosse seca. Começou no dia 21 de maio, no dia 22 a tosse aumentou e eu não consegui me alimentar mais.

O senhor possui alguma comorbidade que possa agravar o problema? Quais os procedimentos e cuidados no tratamento?

Nunca tive nenhuma doença grave, a única coisa que tive foi pedra no rim há alguns anos.

Pessoas da sua família podem ter sido infectadas?

Moro com esposa e um filho, estamos tomando todo o cuidado. Estou sozinho em um quarto, mas acredito que eles sejam assintomáticos. Se não fossem, não entendo como não teriam pego pelo menos nos primeiros dias, quando a gente ainda não sabia do problema.

O senhor estava cumprindo mandado? Em que momento o senhor parou de trabalhar?

Eu estava trabalhando normalmente, só parei no dia 22 de maio quando comecei a passar mal.

Acredita que pode ter passado involuntariamente para outras pessoas do seu entorno?

Não tem como saber, conversei com muita gente até o dia que parei de trabalhar.

Como o senhor se encontra agora?

A minha única preocupação no momento é com a tosse que não quer passar. Se não fosse a tosse eu já estaria me sentindo curado, porque não tenho mais febre e nenhuma dor. O paladar voltou ao normal e estou conseguindo me alimentar.

Qual a lição que o senhor tira disso tudo? Que mensagem o senhor deixa para os colegas?

A lição pessoal é de que ter o suficiente para viver modestamente já deve bastar. Entendi também que devemos estar sempre numa situação correta diante de Deus, porque o dia da partida pode chegar a qualquer momento. Quanto aos colegas o que tenho a dizer é: fuja do excesso de confiança. Aí está o perigo! Eu estava confiante demais na capacidade do meu corpo de vencer esse vírus. Isolamento e se proteger o quanto for possível.

O que o senhor espera para o futuro?

No meu caso, aposentadoria para breve. Para o país e o mundo, um anseio urgente pelo surgimento da vacina. Acredito que só quando for criada uma vacina eficiente tudo vai voltar ao normal.

João Paulo Rodrigues

Jornalista (MTE 977/AL), Mestre em Comunicação e Jornalismo pela Universidade Autònoma de Barcelona.

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