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Comissão de combate ao assédio moral promove palestra com especialista

A última reunião do ano realizada pela comissão de combate ao Assédio Moral, contou com a presença da renomada psiquiatra e professora Edith Seligmann Silva, que apresentou palestra sobre saúde mental relacionada ao trabalho. O evento aconteceu, nesta terça-feira (13/12), na Coordenadoria de Apoio aos Servidores (Caps) e contou com a presença do desembargador Antonio Carlos Malheiros, da diretora da AOJESP, Marilda Lace, e de outros representantes de servidores do Judiciário paulista. 

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Psiquiatra e professora Edith Seligmann Silva, ao lado de Elisabete Borgianni, presidente da AASPTJ-SP, que convidou a palestrante

Segundo a professora, vivemos numa sociedade onde vemos a expansão do medo, da incerteza e da desconfiança, que conduzem a um acirramento da competição e do individualismo. “Seria um salve-se quem puder”, contextualizou. Além disso, temos as perdas éticas: onipotência e cobiça desenfreada. As pessoas não têm mais energia e nem espaço afetivo para os demais que estão a sua volta e o reflexo se observa no ambiente de trabalho.

Antes de explicar o significado do assédio moral, Edith destacou que o “gerencialismo” no Setor Público tende a assumir um discurso neoliberal, com prejuízos à implementação de políticas sociais; supremacia da gestão contábil e burocrática sobre a missão social; esmagamento do “ser social”, do trabalhador; bloqueio da sociabilidade e da coesão interna, etc. “Tudo isso acarreta sofrimento mental. (…) O que é assédio moral no trabalho? É todo tipo de ação, gesto ou palavra que atinja alguém no trabalho. São atos hostis que atacam a dignidade do trabalhador e abala a sua autoestima, fazendo a pessoa duvidar de si e da sua competência. Provocam dano potencial ou efetivo. Traz prejuízo a evolução da carreira profissional”, afirmou.

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A professora afirmou que o equilíbrio dos relacionamentos humanos está sendo perdido, portanto é preciso que haja diálogo para que os problemas sejam resolvidos. “É preciso combater as gestões abusivas”, disse. De um modo geral, Edith explica que os gestores estimulam a competição em detrimento do trabalho bem feito.

Assédio vertical ou horizontal

Segundo a professora, há o assédio moral que vem de cima para baixo e o que acontece no mesmo nível hierárquico. “É difícil identificar de que parte da estrutura organizacional vem o assédio na estrutura vertical. Já o assédio horizontal se dá no mesmo nível hierárquico, entre colegas”. Ela trouxe como exemplo o caso em que um funcionário se transfere para outra comarca e, sobre assédio horizontal, ao ser tratado com indiferença por seus pares, que não o integram e não lhe passam informações sobre o próprio trabalho (boicotam seu entrosamento e sua atuação).

Nestas situações, a empresa, ou departamento público, deve buscar dar atenção ao ser humano que acaba de chegar e não tratá-lo de forma desumana, mas com respeito e dignidade.

Assédio branco

Há também o “assédio branco” ou “violência branca”, quando a pessoa passa a ser ignorada, excluída e tratada com indiferença. Seus efeitos são devastadores e  muito cruel. A pessoa assediada é isolada (que por consequência também se isola) e os colegas com receio de se comprometerem se omitem. Essa prática gera o silêncio do assediado, que reflete em sua saúde mental (auto repressão).

Assédio organizacional

O assédio coletivo ou organizacional começa com a deliberação superior de metas para a organização.  Ele não é deliberado, mas começa com metas de produtividade inalcançáveis. Isso acaba gerando conflitos em vários níveis laborais diante da impossibilidade de concretização dessas metas. Uns são colocados contra os outros em busca da obtenção das tais metas. Todas as situações de conflito devem ser analisadas a fundo para buscar sua origem e formas de solução, priorizando-se os diálogos internos com chefias e diretores.

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Para a diretora da AOJESP, Marilda Lace, “essa palestra precisa ser apresentada didaticamente a todos os funcionários e magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo, como ferramenta de combate ao assédio moral. Em muitos casos, os próprios assediadores não têm consciência do mal que estão acarretando a outra pessoa. Isso precisa ser combatido com informação e a participação de todos”, afirmou.

Luiz Felipe Di Iorio Monte Bastos

Jornalista (MTB nº 46.736-SP) graduado pela Universidade Católica de Santos -UniSantos- e pós graduado no nível de especialização pela Fundação Cásper Líbero.

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