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Homem ateia fogo em casa e foge após receber intimação. Oficial de Justiça conta em entrevista

Um homem provocou um incêndio na casa onde morava, na tarde desta segunda-feira (8), após receber uma intimação de medida protetiva, movida pela esposa que teria sofrido violência doméstica. O caso aconteceu em Borborema (SP) e só não foi pior porque a Oficial de Justiça Isiane Cristina Fiorentino Scarpin adotou todas as medidas corretas em tempo hábil.

À esquerda, Oficial de Justiça Isiane Cristina Fiorentino Scarpin, ao centro casa que foi incendiada; e à direita carro do suposto agressor após acidente. (fotos das redes sociais divulgação)

Após por fogo no imóvel, o homem entrou no seu veículo e fugiu por uma rodovia da região. Só parou porque sofreu um acidente.

Segundo informações do jornal Portal Morada, os policiais cercaram o veículo e o autor desceu do carro, tentando agredi-los. Após ser contido, ele teria sido encaminhado à delegacia da cidade, onde foi autuado em flagrante por descumprimento de medida protetiva, incêndio criminoso, direção perigosa e resistência, ficando à disposição da Justiça.

A Oficial de Justiça que conduziu o caso contou em entrevista ao departamento de comunicação da AOJESP como tudo aconteceu.

Qual o seu nome? Está lotada em que comarca? E quantos anos como Oficial de Justiça?

Meu nome é Isiane Cristina Fiorentino Scarpin. Estou lotada na Vara Única da Comarca de Borborema, há quase 8 anos. Somos apenas em dois Oficiais de Justiça, eu e o Gonzalez, nesta cidade que, apesar de pequena, tem bastante serviço.

 

Quais precauções tomou antes do cumprimento do mandado [medida protetiva|Maria da Penha]?

Como sempre faço, inicialmente, às 18 horas, procurei pela vítima. Ela manifestou o desejo de retornar para o lar conjugal, dizendo ter deixado o local sem levar nada consigo, nem seus documentos. Na ocasião, a senhora contou que a casa era alugada e estava em reforma, e que por isso não tinha portão.

Eu a orientei que, mesmo ele sendo retirado da casa naquele momento, ela somente deveria retornar no dia seguinte, e mesmo assim, trocando as fechaduras para a própria segurança. Quando perguntei sobre o averiguado, a vítima me disse que ele era Bacharel em Direito, e que tomava calmantes. Ela chegou a dizer que no dia anterior, o mesmo tinha dormido o dia todo por conta disso. Afirmou também que ele não fazia uso de álcool ou drogas, e que, muito provavelmente, estaria em casa, já que os seus familiares eram de outra cidade e não tinha amigos aqui.

Por esse motivo, acreditei que seria uma diligência de afastamento relativamente simples, porque ele não tinha um histórico de violência nessa comarca e, por isso, fui sozinha. Em situações nas quais vislumbramos a possível ocorrência de qualquer intempérie, sempre cumprimos a diligência os dois oficiais de justiça juntos, e ainda quando necessário, acionamos a Policia Militar para nos acompanhar. Por ser uma cidade com pouco mais de 15 mil habitantes e atuarmos há algum tempo aqui, conhecemos a maioria das pessoas com quem lidamos e, dificilmente, temos problemas.

 

Quando chegou à residência onde seria cumprido o mandado, como a parte reagiu?

Chegando à residência, às 18h12, o averiguado me atendeu, e eu me identifiquei como Oficiala de Justiça. Dei a ele ciência de todas as determinações judiciais constantes da medida protetiva deferida, incluindo o afastamento do lar conjugal. Ele, então, apenas me respondeu que não iria sair da casa. Desse modo, eu insisti para que ele saísse voluntariamente, e disse que, havendo resistência, eu teria que acionar a Polícia Militar. Mas ele respondeu que a casa era dele, e não que se retiraria. E assim, virou as costas, e adentrou.

 

Quando ele entrou em casa, qual foi sua reação?

Assim que o averiguado entrou na casa, às 18h15, eu, imediatamente, acionei a Polícia Militar, através do 190, para que me desse apoio para o cumprimento da ordem judicial, e fiquei aguardando. Eu ouvi um barulho vindo do interior da residência, razão pela qual eu me afastei cerca de 10 metros do local. Às 18h21, o averiguado saiu da casa, entrou no carro dele que estava estacionado na rua e deixou o local. Foi quando notei a fumaça que já começava a sair de dentro da casa. Nesse momento, a viatura da Policia Militar chegou e, eu indiquei o veiculo do averiguado em fuga, seguindo os Policiais Militares para a abordagem.

 

Que medidas tomou quando percebeu as chamas?

Ao perceber as chamas, às 18h21 liguei para o 153, acionando os Bombeiros da cidade, que chegaram ao local, às 18h33, para conter o incêndio. Infelizmente, o fogo tomou conta rapidamente da casa, a qual ficou com as estruturas abaladas. Afortunadamente, ninguém ficou ferido.

 

Deseja contar alguma peculiaridade sobre o ocorrido que considera importante?

Todos os fatos se desenvolveram muito rapidamente, só não tomando proporções ainda maiores, porque tanto a Polícia Militar, como o Corpo de Bombeiros atenderam a ocorrência prontamente.

João Paulo Rodrigues

Jornalista (MTE 977/AL), Mestre em Comunicação e Jornalismo pela Universidade Autònoma de Barcelona.

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